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Viver em uma comunidade espiritual e sustentável

Depois de viver algumas experiências em comunidades sustentáveis e

espirituais pelo mundo resolvi criar raízes e viver plenamente a comunidade.


 


A minha primeira experiência foi em Findhorn na Escócia. Foi pela indicação do meu amigo Ricardo Young que me sugeriu ir para esta comunidade espiritual. Findhorn tem uma energia de cura impressionante. E foi essencial para a transição que estava vivendo naquela época. Desde descer do ônibus e pisar em Findhorn que eu senti aquela energia reverberando por todo o meu corpo. Foi impressionante e marcante… na porta de entrada tinha uma placa: “Free hugs” (abraço grátis) e ai eu me senti em uma comunidade hippie e cheia de amor para dar e vender!!! Ai eu me permiti viver vulnerável e limpar as dores que vinha carregando ha muitos anos na minha vida. Foi uma entrega linda!


Depois fui para o Schumacher College na Inglaterra, fazer um mestrado em Economia de Transição. No Schumacher aprendi a ver a sustentabilidade ou a resiliência de outra forma. Estudar no Schumacher abriu meus olhos, meu ser de tal forma… Quando cheguei lá eu percebi que a minha visão ate aquele momento sobre a sustentabilidade era do tamanho de uma gota no oceano e que tinha um universo muito vasto para ser explorado!!! Vivi meu renascimento no Schumacher. Pois além de ampliar meu horizontes acadêmicos e foi um grande passo para o meu autoconhecimento. Foi lá que comecei a aprender quem era o eu verdadeiro…


Estudando para a minha tese de mestrado sobre Agricultura Sustentável fui beber da fonte da permaculltura na Austrália em uma comunidade chamada Milkwood e depois em Pun Pun na Tailândia. Em ambas coloquei a mão na massa, ou melhor na terra, e fiz na pratica o que estava escrevendo na tese: como viver de forma sustentável/resiliente em conexão com GAIA. Vida simples de habitar numa cabana, preparar a própria comida, construir partes da casa com tijolo de argila, estudar e trabalhar longas horas. Intenso e ao mesmo tempo incrível.


De volta a São Paulo percebi que ali não era o meu lugar. Foi quando percebi que estourei a bolha que estava vivendo e que a realidade é muito dura e feita de concreto. Mas no meio da sombra a luz se fez e minha amiga Tatiana Pezutto me mandou um e-mail sobre um curso para instrutores de Yoga no Parque Visão Futuro no interior de São Paulo. Na mesma hora senti uma forte conexão e simplesmente me inscrevi no curso. Foi no Parque que mergulhei na meditação, e na arte de ser instrutora de yoga. Na meditação mais pura e profunda que tive no Parque Visão Futuro recebi a tal mensagem que deveria ir para a Austrália. E então eu fui! Mas no começo fui tudo difícil! Eu me sentia perdida…E aos poucos fui me reencontrando… E continuando os caminhos que tinha percorrido ate aquele momento que fui fazer mais um treinamento de Yoga. Fui me especializar e aprofundar na filosofia do Yoga.



Me inscrevi num curso que mudou o rumo da minha vida. Logo depois do curso fui contratada para dar aula de yoga em Byron Bay. O mais legal de tudo isso é que dar aula no Byron Yoga and Retreat Centre me levou de volta a morar em comunidade de yogis vivendo de forma espiritual e sustentável. Além da espiritualidade, de viver de corpo e alma a filosofia do yoga com pranayama, meditação e asanas, aqui a sustentabilidade/resiliência é parte do processo.


Na comunidade temos as seguintes iniciativas sustentáveis:


• Usamos agua da chuva, criamos tanques onde tratamos a agua da chuva usada nos banheiros, cozinha e jardim;


• Temos energia solar que aquece os chuveiros dos banheiros, a piscina aquecida e feita de minerais para ajudar no relaxamentos dos músculos depois da aula de yoga;


• Fizemos o design e participamos ativamente jardim de permacultura. Além de lindo, o jardim esta em expansão. Neste momento estamos

iniciando a Terceira fase.


• Consumimos o que plantamos no jardim. Somos uma comunidade que presa os valores yogis, desta forma temos uma dieta vegetariana e satvic (sem estimulantes) que propicia melhora na meditação e na pratica de yoga.


• Compramos localmente o que não produzimos aqui. Estimulando o comercio local.


• Hoje colhemos mais do que consumimos e por isso vendemos o que temos extra e o dinheiro arrecadado volta para o investir no jardim.


• Temos banheiros de compostagem que é usado de volta no jardim.


E ai eu me encontro de volta a tal bolha… ensinando os alunos a viverem a ‘sustentabilidade do ser’ na pratica.


Divido aqui alguns aprendizados que tive apos viver nestas comunidades:

1. PEITO ABERTO

Quando resolve iniciar esta jornada entendi que tinha que ir de peito aberto e aceitar aquilo que vinha para mim. Meu único guia era a palavra SIM.


2. LIMITES

OK, peito aberto e depois colocar limites… vou explicar… quando me senti muito aberta a tudo e todos percebi que em algum nível eu fiquei vulnerável e usar a palavra SIM para tudo já não cabia mais… mas foi um bom começo principalmente para uma pessoa que planeja tudo milimetricamente como eu! Então foi um bom aprendizado colocar limites para mim, ate onde eu iria e ate onde eu permitia que o outro entrasse na minha vida! Acho que isso merece um outro artigo!


3. AUTOCONHECIMENTO

Foi nestas idas e vindas de estar de peito aberto e depois criar limites que aprendi muito sobre mim mesma. Quem sou eu e o que queria para a minha vida naquele momento.


4. AQUI E AGORA

Viver o aqui e agora virou filosofia de vida…

Amanha é uma miragem, ontem já foi… hoje é o que resta!


5. A BOLHA

Sim, morar em comunidade para mim é viver sem medos, se expressar livremente, trocar com pessoas que tem a mesma percepção de mundo que a sua, é falar em um assunto e ser entendidos e ir mais fundo. A tal bolha existiu para mim e aprendi em muito em cada bolha que vivi ate agora.


6. MUDANÇA

Ser a mudança que quer ver no mundo… É possível; mas requer persistência e dedicação. A verdadeira mudança para mim foi quando sai da bolha e enfrentei a minha realidade.


7. AMIGOS

Os amigos mudaram depois das experiências… tem gente que não me reconheceu e foi ai que eu percebi que quem tinha mudado era eu. Eu sou mais feliz vivendo o meu eu verdadeiro e comigo carrego os amigos de verdade que sempre viram aquilo que estava mascarado dentro de mim mesma.



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